domingo, 10 de janeiro de 2010


Dignidade de irmão

Miguel não conta para Luciana o que Jorge lhe fez
 
Título da Matéria
Alheio às ameaças do irmão – e sem saber que os pais vão tentar interceder a seu favor contra o processo que Jorge pretende mover contra ele no Conselho Regional de Medicina –, Miguel continua cumprindo normalmente sua rotina profissional. Faz o que é seu dever e o quelhe dá imenso prazer: vai visitar Luciana.

Ela o recebe com o mais largo dos sorrisos, linda como sempre, e cada mais encantada com o médico. “Esperei você o dia inteiro”, diz numa falsa bronca, ansiosa de saudade. Mas Miguel mostra a mão enfaixada, motivo do atraso: “Acabei tendo de ir antes para o hospital”.

 

Luciana se assusta, pergunta o que houve, mas Miguel logo a tranqüiliza: “Acidente doméstico”. Não é mentira, mas... Bem, o fato é que ele não diz que foi Jorge quem o agrediu. Ele poderia ter dito, Luciana ficaria uma fera e certamente discutiria seriamente com Jorge, talvez até pusesse fim à relação dos dois, mas Miguel não o faz.  Digno o suficiente,  ele consegue separar as duas coisas.




 
E passa horas ao lado da sua paciente, felicíssimo com os progressos dela na cadeira de rodas. Ao fim da conversa, é Luciana quem resume os sentimentos que ambos têm por Jorge numa definição mais que perfeita para o sempre carrancudo arquiteto: “Regente de enterro”. Miguel cai na gargalhada, mas adora saber que foi Luciana e não ele quem criou o apelido. Caso contrário seria massacrado.